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Binge Eating

Binge Eating - O que é?
Binge Eating - Quais os principais sinais e sintomas?
Binge Eating - Quais as possíveis causas e fatores de risco?
Binge Eating - Pode estar associada a outras perturbações?
Binge Eating - Qual a prevalência?
Binge Eating - Como pode a psicoterapia ajudar?
Binge Eating - Referências
Binge Eating - O que é?

O que é?

A Perturbação da Ingestão Alimentar Compulsiva ou Binge Eating é uma perturbação alimentar caracterizada por episódios recorrentes de ingestão de uma quantidade de comida claramente maior do que a maioria das pessoas comeria - no mesmo período de tempo e sob as mesmas condições. Adicionalmente, estes episódios são acompanhados por uma sensação de falta de controlo para parar de comer. Estes episódios tendem a ser desencadeados por alterações de humor, tensões emocionais, problemas relacionais ou do dia-a-dia, e têm como função a estabilização emocional.

Contrariamente à Bulimia Nervosa, as pessoas com Binge Eating não utilizam métodos de compensação (vómito, abuso de laxantes/diuréticos, enemas, jejum ou exercício físico excessivo) nem exibem necessariamente regras rígidas de dieta. Após estes episódios existe tendência a instalarem-se sentimentos de culpa, ineficácia, desgosto e preocupações com os efeitos da ingestão sobre o peso e a imagem corporal. Outra característica do Binge Eating é a ingestão mais rápida que o normal sem ser acompanhada da sensação física de fome, sozinho/a (longe de familiares ou amigos) até se sentir desconfortavelmente cheio/a. A gravidade desta perturbação vai de leve (1 a 3 episódios por semana) a extrema (14 ou mais episódios por semana).

Binge Eating - Quais os principais sinais e sintomas?

Quais os principais sinais e sintomas?

1) Domínio Comportamental e Cognitivo:

  • Incapacidade de parar de comer ou controlar o que se está a comer;
  • Ingestão rápida de grandes quantidades de comida;
  • Ingestão alimentar mesmo quando saciado/a;
  • Tendência para esconder ou armazenar comida para ser ingerida mais tarde;
  • Comer normalmente à frente de outras pessoas mas compulsivamente quando sozinho/a;
  • Pensamentos frequentes sobre comida;
  • Comer de forma contínua e desregulada durante o dia, sem refeições planeadas.

2) Domínio Emocional:

  • Ansiedade ou tensão que só atenuam através da ingestão de comida;
  • Embaraço relacionado com a quantidade de comida consumida;
  • Sentimento de alienação durante os episódios de ingestão compulsiva;
  • Aparecimento de intensos sentimentos de culpa, nojo e tristeza depois da compulsão alimentar;
  • Preenchimento de vazio através de alimentos calóricos;
  • Baixa satisfação nas relações e sensações de rejeição, crítica ou abandono.

3) Consequências Físicas:

  • Aumento de peso ou obesidade;
  • Colesterol elevado;
  • Pressão arterial elevada;
  • Problemas respiratórios;
  • Problemas renais;
  • Problemas ósseos;
  • Artrites;
  • Problemas de pele;
  • Menstruação irregular.
Binge Eating - Quais as possíveis causas e fatores de risco?

Quais as possíveis causas e fatores de risco?

Fatores biológicos

Fatores fisiológicos e genéticos apresentam bastante importância para o desenvolvimento de Binge Eating. Com efeito, estudos genéticos apontam para uma hereditariedade entre 41 e 57% desta perturbação. Estudos moleculares têm descoberto que podem estar sobretudo em causa genes relacionados com o processamento de recompensas (como a obtenção de alimento), do humor e do controlo homeostático (responsável por manter o equilíbrio do organismo).

Fatores psicológicos

Algumas características de funcionamento psicológico representam fatores de risco para o desenvolvimento de Binge Eating. Entre estas incluem-se a tendência para o perfecionismo, afetividade negativa, dificuldades comportamentais e insatisfação com a imagem corporal. Dificuldades de controlar a quantidade de alimento ingerido durante a infância predizem o desenvolvimento de Binge Eating durante a adolescência.

Fatores ambientais

A exposição ao contexto sociocultural que idealiza a magreza pode contribuir para a sensação de pressão para ser magro/a e para a internalização deste ideal de imagem corporal, sendo este um fator preditor do desenvolvimento de Binge Eating em adolescentes. A exposição a conflitos familiares, problemas alimentares e preocupações com o peso na família e práticas de parentalidade pouco saudáveis constituem-se igualmente fatores de risco.

Binge Eating - Pode estar associada a outras perturbações?

Pode estar associada a outras perturbações?

O Binge Eating, à semelhança da Anorexia Nervosa e da Bulimia Nervosa, tende a ocorrer em simultâneo com outras perturbações psiquiátricas. As perturbações que mais tipicamente coocorrem com o Binge Eating consistem na Perturbação de Uso de Álcool e na Perturbação Depressiva Major, sendo a ideação suicida reportada em 25% dos indivíduos com esta perturbação. A ocorrência simultânea com outras perturbações parece associar-se mais à severidade da alimentação compulsiva e não ao grau das suas consequências físicas, como a obesidade. O Binge Eating associa-se a um conjunto de consequências funcionais que incluem problemas de ajustamento social e aumento da morbilidade e mortalidade médica.

Binge Eating - Qual a prevalência?

Qual a prevalência?

O Binge Eating apresenta uma elevada prevalência não só entre os pacientes com perturbações do comportamento alimentar (30%), mas também na população geral (4,6%). Consiste assim na perturbação alimentar com a maior prevalência na população geral. A prevalência desta perturbação pode apresentar variabilidade cultural e afeta, geralmente, pessoas que se submeteram a dietas restritivas para perder peso e sofreram recaídas. O Binge Eating é também a perturbação alimentar que mais frequentemente tende a coocorrer com outras perturbações mentais e físicas.

Binge Eating - Como pode a psicoterapia ajudar?

Como pode a psicoterapia ajudar?

O acompanhamento psicológico individual, conjugal, familiar ou em grupo é fundamental, sendo o Binge Eating a perturbação alimentar que apresenta melhor prognóstico. De facto, alguns estudos têm vindo a demonstrar que a remissão completa é mais elevada do que na Bulimia Nervosa e Anorexia Nervosa. Através da Psicoterapia, é possível ajudar a pessoa a perceber os pensamentos que podem levar à compulsão alimentar, aumentar a consciência e controlo na forma como utiliza a comida para lidar com as emoções e compreender a função da ingestão alimentar compulsiva.

Desta forma, pode trabalhar-se em Psicoterapia a identificação das situações que originam os episódios (os gatilhos) e a aquisição de ferramentas para os diminuir ou parar. Utilizam-se frequentemente técnicas de relaxamento e de autorregulação emocional, com utilização do Mindfulness, Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR), Focagem, entre outras técnicas.

As relações familiares, amorosas e com pares são uma dimensão importante no contexto desta perturbação, podendo trabalhar-se competências ao nível da comunicação e estabelecimento de limites (como dizer “não” de forma adequada, fazer pedidos e expressar opiniões e necessidades), promovendo relações mais saudáveis e mutuamente gratificantes.

Binge Eating - Referências

Referências

American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.). American Psychiatric Association.

Fairburn, C. G., Cooper, Z., Shafran, R., & Wilson, G. T. (2008). Eating disorders: A transdiagnostic protocol. In D. H. Barlow (Ed.), Clinical handbook of psychological disorders: A step-by-step treatment manual (pp. 578-614). The Guilford Press.

Hilbert, A. (2019). Binge-eating disorder. Psychiatric Clinics of North America, 42(1), 33-43.

Morins M., Fonseca S., Mendes A., Ribeiro J., Silva L. & Cruz M. (2006). “Binge Eating” - A propósito de um Caso Clínico. Revista Comportamento Alimentar, Vol 3, nº9, pp: 9-12.

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