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O Fantasma da Psicologia do futuro e o Scrooge em cada um de nós

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

O Fantasma da Psicologia do futuro e o Scrooge em cada um de nós

Escrevo este texto com a informalidade de quem apenas deseja partilhar algum espanto. E preocupação.

Sou psicóloga clínica há mais anos do que aqueles que me parece que passaram. Adoro a minha profissão e não queria ter outra, entusiasma-me sentir que tenho tanto ainda para aprender. Sempre me debati para que a Psicologia fosse vista como uma área científica dotada de rigor, de método científico que conduz a um conhecimento sólido. Estudei, e continuo a estudar, em função disso e policio, na minha prática profissional, o que me possa desviar desse caminho.

É certo que, por exemplo, em psicoterapia, existem inúmeros fatores que podem influenciar o processo terapêutico. Que a criatividade e a abertura do terapeuta são fatores importantíssimos para conseguir ultrapassar barreiras e criar caminhos. Que é fundamental naturalizar e desestigmatizar. Mas não podemos perder o foco.

Naturalizar não é banalizar, nem caricaturar ou ridicularizar. Desestigmatizar não é exagerar, intensificar, chocar. Tornar a figura do psicólogo uma figura de proximidade não pode passar por uma exposição pessoal desse profissional, muito menos misturando o exercício de uma profissão que é regulamentada, com marketing pessoal a níveis diversos. A nossa responsabilidade enquanto psicólogos passa por sermos profissionalmente rigorosos, empáticos e claros sobre o que fazemos. Na nossa profissão nem sempre lidamos com conteúdos leves. Tentar torná-los excessivamente leves será invalidante para o sofrimento de muitas pessoas.

Preocupa-me que, após tantos anos a trabalhar para que a Psicologia seja vista como uma disciplina credível e confiável, que respeita o sofrimento e a dificuldade do outro, veja surgir alguns movimentos mais mediáticos que fazem regredir este esforço, de tantos colegas ao longo de tanto tempo. A excessiva leveza, de forma e conteúdo, com que me deparo, por exemplo nas redes sociais, preocupa-me seriamente. Outras vezes, deixa-me até um pouco zangada. Refiro-me, por exemplo, à divulgação de conteúdos duvidosos, incompletos, parciais ou mesmo incorretos sob a égide de uma imagem mediática atraente e irreverente. Trazer a ciência psicológica ao patamar do senso comum, já me parece grave. Divulgá-la, com alegada legitimidade profissional, de uma forma incorreta ou simplista, é altamente lesivo para a imagem profissional de cada um de nós.

A Psicologia não precisa de ser uma disciplina velha e pesada, mas precisa de não perder os valores que permitiram provar o seu valor: rigor, consistência, foco e um respeito absoluto pelo sofrimento e desenvolvimento humano. Para que consigamos envelhecer, em ciência, de forma saudável!


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