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Viajar à velocidade da informação

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Viajar à velocidade da informação

Há mais de dez meses que a nossa vida mudou. Durante este tempo vivemos períodos mais aliviados e outros (como o contemporâneo a este texto) muito pesados. Demasiado pesados. O peso é o do cansaço, do isolamento, do medo, das imagens, dos mortos e da proximidade. Por esta altura, a Covid-19 já se aproximou tanto de cada um, que todos conhecemos alguém com uma história (umas com final feliz, outras nem tanto) para contar.

Apenas o tempo, a investigação e a ciência nos dirão qual o real e final impacto desta pandemia em nós, humanidade. Como reflexão diria que, possivelmente, a duração e intensidade deste período tem potencial para mudar alguns de nós (ou muitos de nós) de forma permanente. Estou a dizer que acredito que algumas pessoas fiquem diferentes, que mudem por causa deste acontecimento. Como outros acontecimentos traumáticos têm potencial para causar esta mudança. Com certeza que alguns mudarão num sentido de melhoria, mas não acredito que seja assim para toda a gente. Vivemos um período de tempo em que, por força das circunstâncias, estamos todos a procurar a adaptação possível e, nesse esforço, nos encontramos mais permeáveis aos alertas e ameaças que nos rodeiam.

É exatamente neste ponto que interessa falar da informação que recebemos e o que fazemos com ela. Falava esta semana com uma pessoa que se perguntava “o que posso fazer para conseguir fazer a triagem da informação que recebo?” (Hei-de enviar-lhe este texto, como agradecimento!).

É uma questão de extrema importância para a atualidade: as redes socias, as fake news, a parcialidade de alguns factos transmitidos, a rapidez de circulação da informação, a quantidade de informação disponível, o nosso desejo de segurança e controlo. Não é tarefa fácil manter o pensamento claro e crítico, com tanta pressão para se ter uma opinião, para se defender uma coisa ou o seu oposto, para se extremarem posições com repetição de argumentos. Seria aqui que eu faria a primeira paragem: uma mente clara precisa de tempo. Demorar tempo a pensar e ponderar uma opinião é uma atitude de extrema sensatez. Opiniões sólidas e sustentadas exigem reflexão e até pesquisa, por isso, exigem tempo. Demorar o tempo que for preciso a ponderar a informação é crucial.

Depois, e seguindo este mesmo processo, convém, não só - mas fundamental! - verificar a credibilidade da informação recebida (e sobre a qual se quer pensar, já que alguma poderá ser descartada à partida), mas também diversificar essas fontes e perceber se existem várias formulações sobre o mesmo assunto. E, novamente, tempo.

Conversar com alguém de confiança sobre a reflexão que se faz tem várias vantagens também: ajuda a perceber a perspetiva de outro, que pode argumentar com a posição defendida, promovendo a flexibilização, a assertividade e a autoconfiança. Este exercício deverá ser construtivo e prazeroso. Nenhuma das partes deverá sair diminuída do debate.

A velocidade é inimiga da reflexão. A quantidade de informação obriga-nos a uma seleção, que é uma escolha. Uma deliberação de quem nós somos. Sem que isso nos seja imposto sem filtro ou resistência.


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