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Gosto de alguém com personalidade borderline... e é a minha namorada

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Gosto de alguém com personalidade borderline... e é a minha namorada

“A minha namorada tem um padrão de comunicação facilmente identificável. Primeiro vem a parte do “Amo-te” em que tudo é maravilhoso. É isso que me mantém na relação. Depois, vem a parte do “Estás a sufocar-me” e a tensão começa a aumentar até ela querer acabar a relação. Terminamos. Três dias depois ela liga como se nada se tivesse passado. Nunca vi este comportamento antes. Quando está tudo bem, é óptimo. Mas quando é que este ciclo acaba?”

Harry, in Stop walking on eggshells workbook

Viver próximo de alguém com perturbação de personalidade borderline pode significar viver em crise muitas vezes. As reacções emocionais extremas características das pessoas com estas características de personalidade são esmagadoras e nascem com frequência de sentimentos como desespero ou desesperança, fazendo com que estas pessoas se sintam sem saída, bloqueadas nesta reacção emocional. Ser cônjuge/namorado(a) de alguém com perturbação borderline significa, muitas vezes, ter de lidar com estas reacções extremas, sem perceber muito bem o que fazer para acalmar o turbilhão da crise e, ao mesmo tempo, manter intacta a sua auto-estima.

De forma geral, a primeira reacção a um momento de crise é tentar ajudar ou proteger. Também não é fora do habitual que estes esforços, algumas vezes, pareçam piorar a situação. Tentar “animar” a pessoa, minorando o problema que a consome poderá deixá-la zangada e ainda mais fora de controlo. Este género de movimentos, por não serem validantes o suficiente, poderão fazer com que a pessoa com estas características de personalidade os sinta como pouco empáticos ou sintam mesmo alguma desvalorização. Assim, tentar ajudar numa situação de crise só resultará se a pessoa se sentir primeiro validada o suficiente.

Em alguns manuais de ajuda e informação para familiares de pessoas com perturbação de personalidade borderline, são propostos cinco passos para reagir a uma crise emocional. Estes passos são guias importantes para quando a crise surge, surpreendendo quem com ela tem de lidar, constituindo um bom guia para gerir melhor essas situações.

1. O primeiro passo é “Regule as suas próprias emoções”. Quando a crise surge, é fácil responder de forma, também, emocional. A proposta é que pare, tome atenção ao seu corpo e à sua postura. Que mantenha uma expressão neutra e que consiga validar-se a si próprio, percebendo de onde surgem as suas emoções e aceitando-as.

2. O segundo passo é a “Validação”. A validação, neste contexto, implica a validação emocional, não propriamente a validação do comportamento. É importante distinguir estes aspectos. É mais difícil validar genuinamente um comportamento (sobretudo se esse comportamento nos está a causar dor ou desconforto) do que validar a emoção subjacente. Validar a emoção é dizer, por exemplo “Imagino que estejas muito magoado.”. A validação é algo tão importante na relação com alguém com perturbação de personalidade borderline que nos propomos a aprofundar este tema num texto futuro.

3. O terceiro passo é “Perguntar/Perceber”. Este passo vem na continuidade dos anteriores e pressupõe que se valide a emoção que a pessoa está a experienciar. Sem essa validação, qualquer pergunta que se faça vai ser entendida como crítica ou pouco genuína. Comece por perguntar “Como posso ajudar?”. A ajuda necessária poderá ser só ouvir. Se a pessoa quiser um conselho, ou ajuda para perceber o que se passa, tente perceber exactamente a situação antes dar o seu conselho ou opinião.

4. O quarto passo é “Discutir soluções", antecipando obstáculos a essas soluções.

5. O quinto passo é “Clarifique o seu papel na implementação da solução”. Algumas pessoas preferem ter alguma ajuda activa na resolução do problema, outras preferirão fazer o que decidiram fazer sem intervenção do outro. Seja claro sobre o que gostaria de saber sobre a resolução do problema, dizendo por exemplo “Ligas-me no final, para eu ficar seguro que estás bem?”.

As boas notícias são que, quando muda o seu comportamento, o comportamento da outra pessoa muda também. Esperamos que estes passos possam contribuir para uma surpreendente melhoria na sua relação.


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