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Depressão Infantojuvenil

Depressão Infantojuvenil - O que é?
Depressão Infantojuvenil - Quais os principais sinais e sintomas?
Depressão Infantojuvenil - Quais as possíveis causas e fatores de risco?
Depressão Infantojuvenil - Como pode a psicoterapia ajudar?
Depressão Infantojuvenil - Referências
Depressão Infantojuvenil - O que é?

O que é?

A Depressão Infantojuvenil, à semelhança da Depressão em Adultos, é uma Perturbação do Humor que se caracteriza por uma tristeza desadaptada, intensa e prolongada. A criança sente falta de interesse ou prazer em realizar atividades rotineiras por um período mínimo e seguido de duas semanas. É também possível que a Depressão Infantojuvenil se manifeste através de irritabilidade e sintomas físicos (descritos abaixo) sem causa médica aparente. Ao contrário da tristeza enquanto reação adaptada à adversidade, a Depressão pode comprometer a capacidade da criança ou jovem de funcionar em diversas áreas da vida. Sem intervenção, os sintomas depressivos podem escalar até doenças psicossomáticas, sintomas psicóticos, impulsos suicidas e prolongar-se durante semanas, meses ou até anos.

A expressão clássica da Depressão corresponde à Perturbação Depressiva Major, sendo que em crianças e adolescentes (entre os 6 e os 18 anos) pode ocorrer outra forma chamada “Perturbação da Desregulação do Humor Disruptivo”. Esta forma de Depressão manifesta-se através de uma irritabilidade persistente e de explosões de raiva desproporcionais à situação e desalinhadas com a fase de desenvolvimento. A criança pode demonstrar comportamentos agressivos face a si mesma, a outros ou a objetos. A Perturbação da Desregulação do Humor Disruptivo verifica-se quando estes sintomas se manifestam na maior parte dos dias durante pelo menos um ano em pelo menos dois cenários (por exemplo, em casa e na escola). É importante distinguir esta condição de respostas de frustração adaptadas às adversidades e aos desafios associados ao crescimento.

Depressão Infantojuvenil - Quais os principais sinais e sintomas?

Quais os principais sinais e sintomas?

O quadro de Depressão Infantojuvenil pode ser de difícil identificação, pois os sintomas são muito variados e podem confundir-se com etapas de desenvolvimento que a própria criança esteja a atingir. Por este motivo, é importante que pais, cuidadores e educadores estejam especialmente atentos aos seguintes sinais:

1) Comportamentais: dificuldades na aprendizagem e na concentração, podendo traduzir-se numa diminuição do rendimento escolar; exibição de comportamentos já ultrapassados e desadequados à idade; isolamento social; passividade ou agressividade excessivas - a criança pode apresentar um olhar distante e apático ou reagir constantemente com choro agressivo e gritos; automutilação como necessidade de aliviar a dor emocional; consumo precoce de drogas e álcool, no caso dos adolescentes.

2) Físicos: dor, sobretudo abdominal, sem explicação médica; insónia (a criança pode demonstrar dificuldade em adormecer, acordar durante a noite ou acordar demasiado cedo) ou hipersónia (a criança apresenta uma necessidade excessiva de sono); náuseas; enurese (perdas involuntárias de urina desajustadas à idade); perda ou aumento de apetite; falha em atingir o ganho de peso previsto; perda de energia.

3) Emocionais: tristeza prolongada; baixa autoestima; medos exagerados relacionados sobretudo com a perda de alguém; ansiedade e sentimentos de culpa; pensamentos suicidas e desejo de morte em adolescentes.

4) Cognitivos: autocrítica (sendo muito crítica consigo mesma) e autocontrolo (controlando-se excessivamente nos seus pensamentos e na forma como fala), originando sentimentos de inferioridade em relação aos pares e dificuldade na realização de tarefas.

Depressão Infantojuvenil - Quais as possíveis causas e fatores de risco?

Quais as possíveis causas e fatores de risco?

Várias são as causas e fatores que contribuem para o quadro depressivo infantojuvenil:

Fatores biológicos

  • Função neuroquímica alterada;
  • Função hormonal alterada, como por exemplo, a baixa produção da hormona do crescimento durante o sono;
  • Reação a ou consequência de possível doença física;
  • Fatores genéticos, sendo um fator de risco importante o diagnóstico de Depressão de uma das figuras cuidadoras.

Fatores ambientais

  • Exposição continuada a conflitos;
  • Abusos físicos, emocionais e/ou sexuais;
  • Práticas parentais desadequadas, como por exemplo, excessivamente controladoras ou excessivamente flexíveis, sem regras;
  • Mudanças repentinas no contexto de vida, como por exemplo, mudar de casa ou de escola;
  • Baixo estatuto socioeconómico da estrutura familiar;
  • Uso precoce de álcool e/ou drogas no que respeita a adolescentes;
  • Isolamento social;
  • Perdas reais, como a morte de alguém próximo ou perdas simbólicas, como a sensação de ausência dos pais ou outras figuras importantes.
Depressão Infantojuvenil - Como pode a psicoterapia ajudar?

Como pode a psicoterapia ajudar?

É importante ter presente que quanto mais cedo surge a Depressão, maiores serão as consequências no desenvolvimento e ao longo da vida. Dados de estudos clínicos sugerem uma percentagem entre 20 e 40% de repetição em casos de Depressão Infantojuvenil. Assim, crianças ou adolescentes deprimidos correm maior risco de sofrer de Depressão até à idade adulta, sendo este risco acrescido quando não existe qualquer intervenção. A investigação tem demonstrado a eficácia da Psicoterapia em casos de Depressão Infantojuvenil através de diferentes abordagens:

  • Terapia Cognitivo-comportamental (CBT);
  • Terapia Comportamental Dialética (DBT);
  • Terapia de Abordagem Sistémica e Familiar;
  • Dessensibilização e Reprocessamento por Movimentos Oculares (EMDR);
  • Ludoterapia;
  • Mindfulness.

Estas abordagens permitem trabalhar sobre diferentes objetivos e promovem a aquisição de diversos recursos que ajudam a criança ou adolescente a fazer face às suas dificuldades, tais como:

  • Melhoria na capacidade de autorregulação e autocuidado;
  • Melhoria nos padrões de relação e comunicação;
  • Processamento de eventos traumáticos;
  • Identificação e gestão adaptativa das várias emoções;
  • Melhor autoconhecimento cognitivo, comportamental, fisiológico e emocional com vista a melhores escolhas;
  • Psicoeducação parental, ajudando os pais/figuras cuidadoras a reconhecerem e lidarem da melhor forma, tanto com as dificuldades da criança/jovem como com os seus momentos de bem-estar.
Depressão Infantojuvenil - Referências

Referências

American Psychiatric Association. (2022). Diagnostic and statistical manual of mental disorders (5th ed., text rev.). American Psychiatric Association.

Bahls, S. (2002). Aspectos clínicos da Depressão em crianças e adolescentes. Jornal de Pediatria, 78(5), 359-366

Clerget, S. (2001). Não estejas triste meu filho. Compreender e tratar a Depressão durante os primeiros anos de vida. Porto: Ambar.

Gomes, L. P., Baron, E., Albornoz, A. C. G., & Borsa, J. C. (2013). Inventário de Depressão Infantil (CDI): uma revisão de artigos científicos brasileiros. Contextos Clínicos, 6(2), 95-105

Petersen, C., & Wainer, R. (2011). Terapias cognitivo-comportamentais para crianças e adolescentes: Ciência e arte. Porto Alegre: Artmed.

Ribeiro, M. V., Macuglia, G. C. R. M., & Dutra, M. M. (2013). Terapia cognitivo-comportamental na Depressão infantil: uma proposta de intervenção. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas 9(2), 81-92

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