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Adoção: “Quero muito estar contigo.”

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Adoção: “Quero muito estar contigo.”

A adoção é um processo de construção de uma relação para passar uma criança para filho/a, passando a exercer-se um papel parental de proteção, cuidado e afeto para com ela. Aqui cabem todas as famílias, ou seja, as constituídas de modo biológico e as famílias por adoção. O que é necessário é que as várias partes se adotem mutuamente e assim edificar uma família num projeto contínuo e definitivo. “Pais e filhos” parece-me ser a única nomenclatura a ser usada em ambas as formas de construção familiar.

O termo adoção vem do latim adoptare, isto é, aceitar, escolher, desejar uma criança gerada por outros.

Quando nos lembramos das histórias da nossa infância, conhecemos uma que nos fala apaixonadamente de uma relação entre pai e filho - O Pinóquio – em que o Geppeto (construtor de bonecos de madeira) foi sonhando que o seu desejo poderia transformar um boneco de madeira num filho de verdade (como se, assim, nos falasse de um bebé nascido dos seus sonhos antes que fosse concretizável na sua vida). Talvez Geppeto represente uma forma de se estar com os/as filhos/as, onde as crianças nascem no sonho e da paixão dos/as pais/mães, e por quem é possível desenvolver um enorme amor.

A adoção é um passo de gigante que deve permitir que alguém se inclua numa família, como se dela fizesse parte desde todo o sempre, como se fosse difícil recordar o que existia antes de alguns seres humanos (os/as adotantes e os/as adotados/as) se unirem e se gratificarem pela construção de um grande amor. A adoção deve ser não apenas encontrar-se uma criança para ser acolhida por uma família que tem dificuldade em gerar filhos/as biológicos/as, mas, também, refletir no interesse dessa criança individual e encontrar-se pais/mães dispostos e capazes para ela.

O desenvolvimento intelectual, emocional e social de uma criança em adoção é dependente da organização psicológica da família (família adotiva) e que agora se pretende funcional. Mas as vivências traumáticas anteriores persistirão e serão a razão para que a criança perdure num estado de alerta relativo a esta nova família: se existirem situações que se assemelham aquelas que vivenciou anteriormente, é natural que a criança reaja com inibição e medo. Contrariamente, se as situações se afastarem das suas memórias negativas, tenderá a encontrar o equilíbrio, a segurança, a confiança e a estabilidade. Naturalmente, as suas experiências de vida (incluindo as que causaram dor e sofrimento) fazem parte de si e da sua vida para sempre.

Ao longo dos primeiros tempos, a criança adotada testará estes pais, e conforme o resultado deste teste, os pais adotivos passarão a ser os pais; simultaneamente, os pais deixarão de ter filhos/as adotivos/as e passarão a ter filhos/as. A separação para estas crianças é, muitas vezes, repleta de dificuldades, até porque sendo crianças que terão vivido inúmeras perdas, existe uma intensa ansiedade ligada a esta questão. A angústia de perda é forte e, por isso, perante a necessidade de reparação dos pais, esta poderá ser mais difícil do que a ausência de um dos progenitores.

A ênfase deve ser colocada na facilitação da relação com o modelo de adulto não patológico, ajudando a que a criança elabore uma construção positiva das imagens assentes em modelos de identificação verdadeiros, e de modo a que seja possível o encontro de afetos que possuam a força de apaziguar o sofrimento psicológico. A preocupação fundamental nas adoções tardias (crianças com mais idade) é proporcionar um espaço onde seja possível exteriorizar as suas tristezas, os seus medos, os seus sentimentos de perda. Como referi em cima, esta criança tem tanto medo de ser rejeitada que pode impedir-se de gostar daqueles novos seres que querem fazer parte da sua vida.

O estabelecimento de vínculos afetivos permitirá á criança a consciência de si e do Mundo, de modo a que possa reinventar os modelos de funcionamento da realidade. A adoção é a forma de modificar a vida destas crianças que se encontram institucionalizadas e esquecidas pelas suas famílias. O apego seguro, que apenas estará presente numa relação contínua e afetiva, possibilita a existência saudável desta criança ou adolescente.

Finalmente, a chegada de um novo membro a uma família (biológico ou adotado) é sempre um momento delicado em que ocorrem mudanças em toda a dinâmica e equilíbrio familiar. É essencial aceitar as diferenças, aumentar a capacidade de tolerância e compreensão e lidar com sentimentos como a partilha, o egoísmo, a ternura, o ciúme ou o amor.


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