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Insónia

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Insónia

Há 3 noites que não durmo.

Bem, não durmo como as pessoas costumam dormir porque estou em crer que o sono me tolda o olhar, por pequenos períodos de tempo, durante o dia, no meio da luz e do barulho, quando tento dialogar com alguém.

Na verdade, penso que estarei a exagerar. Continuo a conhecer a faceta anestesiante do sono, que me deita por terra quando me sento no sofá, logo após o jantar. Aí sim, o sono invade-me com tal violência que não consigo resistir-lhe, por muito que queira, por mais que deseje fazer acontecer um serão descontraído que me prepare para dormir uma noite inteira. Não, o sono simplesmente atinge-me e eu desmaio, atingido por esse golpe fatal.

São provavelmente os 45 minutos mais desejados das 22 horas que vivo sem interrupções. Não se prolongam além dessa duração, já lá vão 3 noites.

Há 3 noites que acordo com o fim do noticiário. O encerramento do dia para a grande maioria das pessoas é apenas o início do meu pesadelo.

No primeiro dia ainda não sabia o que me esperava. Acordei, dorido da posição em que permanecera por esses parcos minutos, ou então pela pancada violenta com que o sono me atingira. Estremunhado, vesti o pijama e enfiei-me na cama, resmungando qualquer coisa para o gato que me seguiu. Assim que me deitei, todo o meu corpo começou a despertar, tornando-se consciente e agitando-me. Os pequenos desconfortos depressa se tornaram insuportáveis, fazendo-me rodar, de um lado para o outro, como se existisse uma posição que pudesse acalmar todo o turbilhão. Estive nisto durante 4 horas. Quatro horas.

Acabei por me levantar da cama, desperto para uma madrugada ainda muito jovem. Era uma e vinte da manhã quando entrei na cozinha, desejando que a noite estivesse perto do fim. Uma parte de mim pensou: “Ah, ainda bem que é cedo, ainda vou conseguir dormir umas horinhas antes de o despertador tocar”. Bebi um copo de leite morno e deixei-me ficar a olhar pela janela, observando o trânsito ainda regular, apesar da hora. A casa pareceu-me enorme, como se a noite tivesse o poder de nos tornar menores face à imensidão da noite. Do tempo que demora a noite.

Foi a primeira eternidade que enfrentei, aquela que passei a observar a escuridão, encostado à janela. O gato dormia, aninhado no local onde o meu corpo deveria repousar, inconsciente. Assim que o escuro da noite começou a aclarar, um peso desceu sobre o meu corpo que me fez ter vontade de me deitar na cama. Cuidadosamente, para não acordar o gato, deitei-me, encolhido, pensando que dormir seria impossível.

Comecei a ouvir um barulho irritante ao longe, uma campainha ou algo semelhante e dei comigo a acordar para um dia cheio de sol. Tinha adormecido e o barulho era, nem mais nem menos, o meu despertador, cansado de tanto repetir-se. Levantei-me de um salto e percebi que já estava atrasado. Devo ter dormido entre 35 a 50 minutos.

No segundo e terceiro dia, já não fui surpreendido por todo este processo que agora vos conto. Aliás, acho até que o pressenti. E temo que esta noite nada de diferente aconteça. Este medo que me consome mantém-me acordado. E exausto.

Este medo de não dormir desperta-me.


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