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O poder da música

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

O poder da música

Música é emoção. E emoção é vida. A música faz parte integrante da nossa vida e acompanha grande parte das nossas memórias e vivências mais relevantes. Ela mexe tanto com as nossas emoções: desde o primeiro beijo àquele momento tão difícil. A sua capacidade de influenciar a nossa mente e o nosso corpo é imensa e tem sido entusiasticamente estudada. A título de exemplo, a música tem a capacidade de contribuir para baixar o stress, a depressão e até de promover interação social. A de qualidade, preferencialmente!

Os dias frenéticos que vivemos aceleram-nos de tal forma que não conseguimos parar, levando a que a hormona adrenalina (que nos prepara para lidar com perigos e desafios através do incremento de oxigénio nos músculos, do sangue para o coração e pulmões e que liberta glucose extra no organismo) e a cortisona (hormona que vai amplificar os efeitos da adrenalina, aumentando o açúcar no sangue e concentrando a energia, por exemplo, nos braços e pernas) disparam, colocando-nos no modo “luta ou fuga”. Que é extremamente importante em momentos breves de perigo mas que, com o tempo, se torna negativo contribuindo para o aumento da ansiedade e consequente depressão pela sua constante “ativação” no sistema. É aqui que a música ajuda e muito! Está provado que ouvir música calma diminui os níveis de adrenalina e cortisona no sangue, reduzindo assim o stress. Mesmo em bebés conforme investigadores da Universidade de Toronto.

A música tem também um impacto positivo na resolução da insónia. Num estudo de 2007 realizado na Hungria com jovens adultos com insónias, mais de 80% dos participantes passaram a dormir melhor depois após três semanas a ouvir música clássica antes de dormir.

E quando fazemos desporto? Os estudos dizem também que ouvir música encoraja a pessoa a aumentar o seu ritmo para atingir o da música e que o prazer associado mantém as pessoas no exercício mais tempo. Esse efeito é tão poderoso que é proibida a audição de música em muitas competições desportivas.

Música quando trabalhamos? Aquilo que a investigação nos diz é que a música pode ajudar desde que o som alternativo seja ruído distrativo. Isto é, se estamos a terminar um relatório importante na mesa de um café, a música nos auriculares vai contribuir para a nossa concentração. Por outro lado, se estivermos num local sossegado, a música pode distrair-nos (principalmente com letras!) ao consumir recursos cerebrais que seriam usados para a tarefa em si. Quando esta é simples e até monótona (como aspirar a casa), ouvir música ajuda a manter-nos motivados e enérgicos.

A música também pode aliviar a dor de forma incrível conforme estudos como os dos psicólogos Raymond MacDonald e Laura Mitchell. Estes concluíram que as pessoas suportam a dor durante mais tempo se estiverem a ouvir música (ainda mais se puderem escolher a música que ouvem e controlar o seu volume).

Outro dado que também quero sublinhar é que a música leva à libertação da hormona oxitocina (também libertada durante o parto, a amamentação e o ato sexual) e que melhora o nosso humor, interação social e reduz a ansiedade, aumentando a conexão entre as pessoas. Isto além de facilitar a produção e libertação de dopamina (neurotransmissor ligado ao sistema de recompensa e prazer) e serotonina (neurotransmissor de grande relevância para o nosso humor, no apetite ou no desejo sexual).

A música influencia o nosso comportamento de consumo, é outro dos seus efeitos. Ronald Milliman, professor de marketing nos USA, descobriu que a música calma e relaxante num restaurante faz com que as pessoas comam mais lentamente e consumam mais bebidas durante a refeição. E este efeito acontece também quando estamos no centro comercial - quando a música envolvente é lenta e calma, podemos ver mais lojas e comprar mais produtos. Acrescento ainda que se ouvirmos música tradicional de um país específico como música ambiente, tendemos a comprar mais produtos dessa mesma região se em comparação com produtos de outras origens. Nem damos conta destes efeitos diários mas a psicologia e o marketing dão-nos aqui uma grande ajuda.

A música é tão antiga que podemos encontrá-la em todas as culturas e sociedades do mundo, sendo de supor que está ligada à sobrevivência da nossa espécie. Um grupo de pessoas que tenha uma música consigo, torna-se mais coeso e resiliente perante obstáculos - aqui lembro-me imediatamente do famoso Haka da equipa de rugby da Nova Zelândia onde a dança se combina com cânticos num todo verdadeiramente explosivo ou o imortal Hino de Portugal "A Portuguesa", criado em 1911, e que me deixa arrepiado de cada vez que o ouço!

Muito me fica por escrever sobre a influência psicológica da música na nossa vida. Mas ninguém fica indiferente à canção interpretada por Salvador Sobral e escrita por Luísa Sobral e que venceu o Festival da Eurovisão de 2017. Porque música é emoção. E emoção é vida. E a sua capacidade de nos fazer sentir profundamente, de nos surpreender, de nos tocar, de nos aproximar e de nos levar ao que é mais simples e importante - o Amor - faz da canção “Amar Pelos Dois” uma obra intemporal. Um grande obrigado.


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