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Sobre a envolvência dos ciclos

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Sobre a envolvência dos ciclos

A ideia de ciclo é transversal a vários assuntos da nossa vida. É bastante comum ouvirmos falar de ciclos que se repetem, padrões que podem ser identificados, oscilações mais ou menos constantes no nosso percurso. A estas ideias generalistas geralmente emprestamos acontecimentos das nossas vidas e identificamos os nossos próprios ciclos, com repetições mais ou menos rápidas ou rígidas, mas que o auto conhecimento permite ir assinalando.

Contudo, para além destes ciclos que se repetem, a nossa própria vida – e a vida psicológica em particular, vai seguindo um ciclo de várias etapas, vai-se transformando de acordo com a fase da vida e com os acontecimentos marcantes, colocando-nos desafios específicos de cada uma dessas etapas que acabam por ser comuns a todos nós.

Esta ideia de etapas que se encerram num ciclo é bastante interessante e coloca-nos imediatamente face à dificuldade em conseguir concretizar uma felicidade estável e duradoura que todos nós (ou quase todos), em alguma altura da vida acabamos por perseguir. O carácter desenvolvimentista do nosso ciclo de vida, com tarefas e desafios a enfrentar, acaba por incorporar a ideia de alternância, que se refletirá também na satisfação pessoal que experimentamos. As alterações de etapa do ciclo de vida são, sem margem para dúvidas, alturas de adaptação e mudança que serão vividas com intensidades diferentes por cada um de nós. Ainda assim, a ideia de felicidade e satisfação constantes não se enquadram num modelo desenvolvimentista da vida.


Por outro lado, a consciência e aceitação da fase de vida em curso poderá trazer-nos uma lucidez libertadora. Sobretudo quando nos apercebemos que viver e ultrapassar estas etapas é também envelhecer – conceito geralmente muito mal conotado e que associamos a nós próprios com algum pesar. Como se este processo de vencer etapas e conquistar obstáculos nos trouxesse somente perda e malefício. Como se, muitas vezes, tivéssemos receio de avançar e continuássemos presos à pessoa que fomos – noutro tempo, noutra etapa, não conseguindo ver a que nos tornámos e os desafios que temos para enfrentar. Este desfasamento é potencialmente causador de sofrimento psicológico, podendo consubstanciar-se de variadas formas, como por exemplo, sensação de vazio, confusão ou sensação de desadequação.

De um certo ponto de vista, é nesta capacidade de atualização de nós mesmos, de irmos conseguindo deixar para trás a bagagem que já não necessitamos para podermos incluir novos pertences, que reside a arte de viver. Ainda que, nesse processo, tenhamos que confrontar todas as pedras que o caminho nos coloca. Como diria o poeta, podem servir para construir.


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