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Gosto de alguém com personalidade borderline... o papel da validação

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Gosto de alguém com personalidade borderline... o papel da validação

Qualquer pessoa que se encontre numa situação de desregulação emocional conseguirá mais facilmente regular a intensidade das suas emoções se se sentir compreendida, se sentir que aquilo que está a experienciar pode ser compreendido pelos outros. A este movimento de compreender o que o outro está a sentir chamamos de validação.

A validação é um conceito que está relacionado com a autenticação, o reconhecimento de algum aspecto na experiência do outro. A quem nunca aconteceu que, ao sentir-se injustiçado, tenha ficado excessivamente activado com a zanga ou raiva e, ao partilhar a sua experiência com alguém, comece a reduzir a intensidade das emoções que se está a sentir? Sobretudo se tivermos a possibilidade de ouvir uma resposta como “Percebo perfeitamente o que estás a dizer” ou “Também estaria a sentir-me dessa forma, se fosse eu”.

É este o poder da validação na nossa vida quotidiana. Quando estamos a falar de alguém com uma perturbação de personalidade borderline, esta questão aumenta muito de importância, já que a validação é um dos recursos mais efectivos na redução da intensidade emocional. Muitas vezes, socialmente, usamos o conceito validação como um sinónimo de concordância. No entanto, a validação implica algo diferente: implica encontrar um segmento (por pequeno que seja) de comportamento – no qual se incluem as emoções ou os pensamentos – que seja genuinamente compreensível. Não implica concordar com o comportamento mas sim achá-lo compreensível. Se não for compreensível, não é possível validar. Fazê-lo seria perigoso e significaria validar o inválido, o que seria reforçar um comportamento que claramente não consegue compreender.

No entanto, encontrar algo que possa ser validado pode ser muito complicado e é fácil cometermos alguns erros mesmo quando pensamos que estamos a validar o outro. Um dos exemplos mais típicos é o dizer à pessoa para se acalmar. Raramente ter este género de abordagem ajuda a uma regulação emocional efectiva, podendo mesmo gerar algum ressentimento, por a pessoa se sentir invalidada. Um outro exemplo é o de começar a dar palpites sobre soluções para o problema/situação, sem primeiro perceber exactamente o que se está a passar ou o que se passou. Esta abordagem será percebida como invalidante, podendo até surgir como um menosprezo do sofrimento que a pessoa está a experienciar.

Voltando à ideia de que a verdadeira validação é genuína, não ajudará dizer que se compreende o comportamento quando tal não é verdade. Pelo perigo que isso acarreta mas, também, por poder soar condescendente ou falso, causando uma intensificação emoções.

Assim sendo, como saber o que procurar quando se tenta validar algo no comportamento do outro? Alguns exemplos podem ajudar a clarificar esta questão:

  • Podemos validar um pensamento dizendo “Percebo a razão de estares preocupado. De facto, é preocupante”.
  • Podemos validar uma emoção com uma frase do género “Claro que estás triste com o fim da tua relação. É muito difícil passar por isso”.
  • Podemos validar uma acção “Percebo que te tenhas ido embora em vez de teres lá ficado a discutir”.
  • Podemos validar uma opinião “Claro que não tens de falar sobre isso agora”.
  • Podemos validar uma capacidade “ Eu sei que consegues fazer isso. Tu tens essa capacidade”.

Validar genuinamente não é fácil. Fazê-lo conscientemente pode ser ainda mais complicado e é de esperar que nas primeiras vezes nem tudo corra de forma perfeita. Conseguir validar o outro exige treino e atenção. Exige querer fazê-lo. É natural que lhe soe estranho nas primeiras tentativas, mas treinar esta capacidade poderá ajudar muito na relação com alguém com perturbação de personalidade borderline. Mas não só. A validação ajuda-nos a entrar em conexão com o outro, o que é fundamental para um processo de comunicação (e, consequentemente, de relação) mais adequados.


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