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Sentimento de pena: compaixão ou desvalorização?

Blog escrito pelos psicólogos da Psinove. Exploramos temas relacionados com a psicologia e psicoterapia, desafios e reflexões do dia-a-dia.

Sentimento de pena: compaixão ou desvalorização?

Tenho-me apercebido, em algumas pessoas que acompanho, de uma dificuldade em lidar com a “pena dos outros” em relação a si mesmos/as. Por norma, a expressão que se segue a esta afirmação é “não quero que me vejam como coitadinho/a”.

Porque será que isto acontece? Porque será que temos dificuldade em lidar com a “pena” que em alguns casos se aproxima mais da “compaixão” do que do “desdém” ou da “desvalorização” por parte dos outros?

Muitas vezes, isto pode ser também um reflexo da nossa dificuldade em lidar com os momentos de fragilidade, de dor e de sofrimento e, ao mesmo tempo, da dificuldade de os mostrar aos outros, de assumir que não estamos no nosso melhor. Esta tirania da felicidade coloca a um canto todas as possibilidades de se estar triste, zangado, desamparado e é algo que precisa ser transformado a uma escala global. Todos temos o direito de não estar bem e quando os outros de quem gostamos e que gostam de nós se apercebem disso, é natural que a compaixão (ou a pena…ou como lhe queiram chamar) apareça. É natural que nos queiram amparar, escutar, ajudar, aliviar, se nos permitirmos a isso. Esta é uma das muitas razões e consequências de sermos um ser social e gregário.

De igual forma, temos também o direito de nos isolar quando não estamos bem se precisarmos de tranquilidade, recolhimento, menos estímulos e vida social para nos recompormos. No entanto, se o afastamento temporário dos outros não nos ajuda a ultrapassar a situação, pode ser porque não estamos a conseguir ver perspectivas que nos ajudam a lidar com o sofrimento e talvez precisemos dos outros ou de apoio psicológico de uma forma profissional.

O sentimento de pena ou de compaixão (coloco-os sob a minha responsabilidade no mesmo “saco” neste texto) podem ser semelhantes e significam, do meu ponto de vista, que se está empaticamente a compreender o sofrimento do outro, a dor do outro. Pode ser sinal de empatia e de conexão com o outro e é importante nas relações de todos os tipos. Esta expressão não tem necessariamente de ser vista como um atestado de fraqueza, de inferioridade.

Sugiro que reflicta um pouco sobre como se sente ao sentir pena de alguém ou como elabora a possibilidade de outras pessoas sentirem pena de si. É desagradável? E de onde virá esse desconforto? Com o que será que está relacionado? Estas perguntas podem ajudá-lo/a a entender-se melhor no que diz respeito a este tema.

A compaixão é uma ferramenta transformadora e fundamental nas relações humanas. Era importante que ela pudesse acompanhar os nossos processos mais frágeis e dolorosos, que isso nos permitisse não ter vergonha ou medo de mostrar o que sentimos nem ter receio de pedir ajuda se for esse o caminho para reencontrar o nosso bem-estar.


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